quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Sobre Ciência: o que é preciso saber?

   Reprodução de uma publicação de Carlos Fiolhais no Blog De Rerum Natura:

    O que é que eu preciso de saber sobre Ciência

A revista "Visão" perguntou-me o que era preciso saber sobre ciência em cerca de 3000 caracteres. Escrevi este mini-texto, que saiu hoje, na nova secção "Radar": 


O QUE É A CIÊNCIA? A ciência é a descoberta que o ser humano faz do mundo, mundo onde ele naturalmente está incluído. A ciência procura responder a questões tais como: O que aconteceu no início do mundo? De que são feitas as coisas? É possível uma teoria unificada das forças fundamentais? O mundo vai acabar? O que é a vida? De onde veio a vida? Há vida noutros planetas? Que parte do nosso comportamento depende dos genes? O que faz com que nos apaixonemos? Como funciona o cérebro? O que é a consciência? O que é a inteligência? Para responder a estas e outras questões os cientistas colocam hipóteses e tentam, através da observação e da experiência, verificá-las. E a realidade é que manda. Como disse o físico Richard Feynman: “A hipótese que é contrariada pela experiência está errada. Nesta simples frase está a chave da ciência. Não interessa quão elegante possa ser a nossa hipótese. Não interessa a nossa esperteza ou quem avançou a hipótese, o nome que tem – se contrariar a experiência está errada”. Portanto, o cientista tem de estar sempre, com cuidado e atenção, a procurar e a detectar erros. Vejamos algumas outras marcas maiores da ciência. 


NA CIÊNCIA HÁ PROGRESSO. Por outras palavras, o conhecimento científico é cumulativo. Quer isto dizer que cada vez se sabe mais. Na Física, Einstein sabia mais do que Newton e Newton sabia mais do que Galileu. Isto em nada diminui nem Newton nem Galileu, bem pelo contrário: sem ter subido aos “ombros desses gigantes”, Einstein nunca poderia ter visto o que viu. Ao propor uma nova visão do cosmos, ele teve o cuidado de manter o essencial do que os seus antecessores tinham descoberto. Um cientista tem de ter imaginação para descobrir, mas a sua imaginação tem de estar delimitada por aquilo que já se sabe. Ele poderá mudar um bocadinho do que se sabe, quiçá um bocado, mas nunca poderá mudar tudo. 


A CIÊNCIA PERMITE-NOS VIVER MELHOR. A ciência é feita, em grande medida, para satisfazer a curiosidade humana, mas tem aplicações práticas, resulta em tecnologia útil. É natural que, conhecendo melhor o mundo, possamos viver melhor nele e é isso, de facto, o que acontece. Podemos prevenir perigos e tratar doenças. O progresso da ciência vê-se, por exemplo, no aumento da longevidade humana. Em Portugal, a esperança média de vida das mulheres subiu no último meio século de 66 para 82 anos (24 por cento!), o que se deveu ao enorme avanço dos conhecimentos sobre nutrição e saúde. 


A CIÊNCIA É DE TODOS. A ciência pode ser feita pelos investigadores das mais diversas áreas – matemáticos, físicos, químicos, geólogos, biólogos, psicólogos, sociólogos, engenheiros, médicos, etc. – mas fornece conhecimentos e atitudes que podem e devem pertencer a todos. De posse de rudimentos ainda que básicos da ciência e de posse de elementos do método científico ficamos mais ricos tanto individual como colectivamente. Em particular, vemos melhor os erros, deixamo-nos enganar menos facilmente. 


A CIÊNCIA TEM UM GRANDE FUTURO. Há um curioso paradoxo na ciência: à medida que sabemos mais, damo-nos conta de que nos falta saber muito mais, isto é, cresce a consciência da nossa ignorância. Não é uma afirmação científica, mas os cientistas julgam que nunca se saberá tudo, que haverá sempre coisas para descobrir. Como disse o astrofísico Carl Sagan, “o nosso destino é o conhecimento”. 





BIBLIOGRAFIA 


COSMOS, Carl Sagan (Gradiva) 

HISTÓRIA DA CIÊNCIA, John Gribbin (Publicações Europa-América) 

GRANDES QUESTÕES CIENTÍFICAS Harriet Swain (Org.)(Gradiva) 

A CIÊNCIA EM PORTUGAL, Carlos Fiolhais (Fundação Francisco Manuel dos Santos)

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Vida Saudável: pare menos, conselhos e dicas para aumentar o seu bem-estar!

   Ainda no âmbito de uma Educação para a Saúde, promovida na I Feira da Alimentação e Vida Saudável, publicamos artigo recente da rubrica Lyfe&bem-estar do jornal Público.) São bons conselhos, para vivermos melhor!

(O Projeto CaoVida pretende motivar para o exercício físico através de um formato mutualista e bastante favorável ao ... 'melhor amigo do Homem'!)


   Pernas, para que vos quero? (por António Labisa Palmeira, investigador em actividade física e saúde)

   Estar sentado durante longos períodos de tempo reduz a circulação sanguínea no cérebro, diminuindo a criatividade e degradando o humor.
   Longos períodos de tempo sentado fazem parte do quotidiano de qualquer adulto. Actualmente, permanecemos sentados para realizar as nossa tarefas laborais, mas também nos transportes e para desfrutar do tempo livre após o trabalho. Até o modelo de comunicação vigente (televisão, computadores esmartphones) implica uma relativa imobilização.
   Estar sentado durante longos períodos de tempo reduz a circulação sanguínea no cérebro, diminuindo a criatividade e degradando o humor. Assim, os comportamentos sedentários, geralmente definidos tanto pelo baixo dispêndio de energia, como por uma postura sentada ou inclinada, estão a tornar-se numa importante variável na equação do exercício e da saúde, sendo relacionados com várias formas de cancro e doenças cardiovasculares e metabólicas. Há processos fisiológicos únicos relacionados com o comportamento sedentário, em particular com o tempo sentado, estandodocumentada a estreita relação entre o tempo despendido a ver televisão com a degradação do perfil lipídico e do metabolismo do açúcar, percursores de muitas patologias metabólicas e da obesidade.
   Mesmo os indivíduos activos/ sedentários que acumulem 30 minutos diários de actividade física moderada a vigorosa (marcha rápida, corrida, bicicleta ou musculação), mas que passem longos períodos sentados em frente à televisão, sofrem de uma diminuição acentuada da qualidade de vida e de vários indicadores de saúde. Paralelamente, inúmeros benefícios na funcionalidade e qualidade de vida estão associados à interrupção frequente dos períodos de sedentarismo. Pequenos intervalos no tempo sentado (por exemplo, a cada 30 a 60 minutos passar 1 a 3 minutos em pé, fazer um pequeno circuito de marcha pelos corredores ou usar as escadas) podem fazer muita diferença.
   Face a este fenómeno, as recomendações do American College of Sport Medicine para a quantidade e qualidade do exercício para o adulto aparentemente saudável fazem alusão à necessidade de reduzir os comportamentos sedentários. Em alguns países já foi introduzido o trabalho em secretárias ajustáveis à posição de pé e outras com passadeira para que os trabalhadores possam mudar de posição e/ou marchar sem terem de abandonar a tarefa em que estão envolvidos. Utilizando uma alternativa menos dispendiosa, pode utilizar uma bola suíça para se sentar, simplesmente fazer pausa para alguma actividade física (enquanto fala ao telefone ou se reúne com algum colega de trabalho) ou tirar partido das oportunidades de exercício que lhe surgem ao longo do dia (escadas, passeios, caminhadas, entre outras).
Breves momentos de actividade ligeira no lugar de puro sedentarismo podem atenuar a falta dos 30 minutos de actividade física diários recomendados para a promoção da saúde. Pode mesmo mudar o slogan da sua saúde de “faça mais” para “pare menos”.
   

I Feira da Alimentação e Vida Saudável do CLF: registos de uma manhã saudável!

   A I Feira da Alimentação e Vida Saudável do CLF que decorreu no passado dia 16 de outubro, resultou num conjunto de aprendizagens e experiências divertidas para os alunos. Alunas do curso de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto e da Universidade Católica não tiveram "mãos a medir". Mediram e calcularam o índice de massa corporal dos alunos interessados e falaram dos alimentos funcionais que fazem bem à saúde.
   No mercadinho biológico venderam-se frutas e legumes, ervas de cheiro, especiarias, compotas, chás variados e sumos naturais. Os alunos foram ainda surpreendidos com slogans, poemas gastronómicos e um Flash Mob preparado para fazer lembrar que o exercício físico está ao alcance de todos e deve ser uma prática regular.
   Da comercialização dos produtos trazidos e confecionados pelos alunos, conseguimos acumular 333,32 euros destinados ao projeto de sequestro do carbono promovido pelo Parque Biológico de Gaia. Estes 333,32 euros significam, aproximadamente, 6m2 de terreno destinado à aquisição e florestação e representam cerca de 24kg de carbono sequestrado por ano mas, a contribuição do CLF para este projeto está ainda a começar!
   Deixamos um agradecimento especial a todos os alunos, pais e professores que se envolveram nesta iniciativa a favor de um projeto ambiental em benefício de todos.












Alguns registos fotográficos da I Feira da alimentação e vida saudável do CLF

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

I Feira da Alimentação e Vida Saudável: 16 outubro 2013, no CLF

I FEIRA ALIMENTAÇÃO E VIDA SAUDÁVEL


   No dia 16 de outubro, dia mundial da alimentação, o CLF realiza a I Feira da Alimentação e Vida Saudável, dinamizada por professores e alunos do 3.º Ciclo e Secundário. Esta atividade pretende sensibilizar para a importância da adoção de hábitos de vida saudáveis, promovendo o consumo de alimentos de boa qualidade nutricional e a atividade física regular.
   Das 9h às 17h a “Praça da Alimentação” estará aberta a toda a comunidade educativa no espaço de exposições, junto à sala multimédia. Os alunos vão comercializar produtos de hortas biológicas, snacks saudáveis e dar a provar os mais variados sabores. Podem ainda medir o seu IMC, com a ajuda de alunas do curso de Ciências da Nutrição, conhecer melhor os cursos e as profissões que se ocupam da nossa alimentação e saúde e ouvir os seus esclarecimentos.
   Uma sessão de cinema de fazer crescer água na boca, poesia inspirada na gastronomia e outras surpresas vão espalhar o tema pelos diferentes espaços do Colégio e fazer-nos refletir sobre o que queremos fazer com a nossa saúde.
Para encerrar o evento, às 18h30, a APELF (Associação de Pais do CLF) convidou a Professora Diana Veloso e Silva (Professora Auxiliar da Faculdade de Ciências e Nutrição da UP) para orientar a palestra: “Obesidade Infantil dos 0 aos 18, um problema da atualidade”.
   O lucro resultante da comercialização dos produtos reverte a favor do projeto Sequestro do Carbono que vai ser desenvolvido ao longo do ano letivo em parceria com o Parque Biológico de Gaia.

   Aguardamos a vossa visita!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

ConheSer+ outubro: O Regresso (com sociedades animais, psicologia e o CERN em destaque!)

   O ConheSer+ está de volta em outubro com novas propostas!
   É já no dia 14 que será contada a história mais impressionante da Terra. “O Triunfo da Vida” conta a história da própria Vida e da Evolução como nunca tinha sido contada antes!
   Esta é uma história que explica como o nosso planeta ficou preenchido com toda a diversidade de vida que nos rodeia, a razão de os animais se comportarem como comportam e como a clássica luta pela vida, onde apenas os vencedores sobrevivem para procriar, continua ainda nos dias de hoje. Não só explicamos porque existe tanta beleza no mundo, como mostramos que a mesma força que cria esta beleza impulsiona, também, o lado mais negro da natureza. 
   No episódio Sociedade Animal veremos de que forma os organismos se relacionam constituindo sociedades mais ou menos complexas e em que a sobrevivência do indivíduo depende do grupo a que pertence e da comunicação eficaz de perigos ou locais de interesse, desde as rápidas suricatas às anémonas-do-mar lutadoras,  dos estorninhos e a sua dança  às formigas lutadoras mas altruístas, e incluindo os próprios seres humanos, cuja evolução foi afetada tanto pela cooperação entre si como por parcerias com outras espécies.

   Também vamos falar de PsiQuê! Psi…Quê? Isso mesmo: PsiQuê? Não conhecem?
   PsiQuê (personagem da mitologia grega) era uma simples humana que se transformou em Deusa devido ao seu encanto e por quem Cupido se apaixonou. Mas o que tem o Cupido e a Deusa PsiQuê a ver com a Psicologia? De onde vem a Psicologia? Quem começou a estudar fenómenos relacionados com as pessoas? E porque será que toda a gente acha que percebe de Psicologia? Para que servem os Psicólogos? O que fazem? É verdade que “de Psicólogos e loucos, todos temos um pouco”? A Psicologia aplica-se a inúmeras áreas de investigação, desde pormenores relacionados com o cérebro humano até às “leis” que regem e moldam culturas. Vamos descobrir a Psicologia de uma forma divertida!
   A Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, conhecida como CERN, é o maior laboratório de física de partículas do mundo, localizado na região noroeste de Genebra, na fronteira Franco-Suíça e, é do “CERN” da questão que nos vai falar o Professor de Física, Carlos Azevedo com base na sua experiência pessoal nesse grande laboratório de descobertas!

    
   Aguardamos a vossa inscrição!

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Concurso Ciência 2.0: Desenha o Homem do Futuro (submissão de trabalhos até 15 outubro 2013)

   
Homem Biónico
   Consegues imaginar como será o Homem daqui a 100 mil anos? Por que transformações físicas passará a espécie humana? Irá o Homem incorporar tecnologia ou seguirá o natural processo de evolução biológica?
   No novo passatempo que lançamos, inserido nos concursos “Uma Ideia para Ler”, desafiamos-te a representares o Homem do futuro, através de um desenho, de uma pintura, de uma ilustração, ou de uma montagem.
   A ideia para o desafio nasceu no passatempo “Ideias não tão ‘malucas’ para concursos de ciência”, no qual o Manuel Guedes alcançou a vitória, ao propor a criação de uma ilustração sobre o tema.
   A obra pode ser criada com recurso a técnicas “tradicionais” ou digitais. No caso de optares pela primeira opção, deves submeter uma digitalização da obra (obtida por scanner ou fotografia), e enviá-la em formato JPG ou PDF, com um tamanho mínimo de 3Mpx (ou A6 a 300ppi) e máximo de 8Mpx (ou A4 a 300ppi).
   Recordamos-te de que a tua criação deve ser original. Se utilizares imagens já existentes no teu trabalho, certifica-te de que as podes usar livremente, sem infringir as regras de direitos autorais.
   No concurso será eleito um vencedor, havendo também lugar à atribuição de menções honrosas aos autores dos melhores trabalhos. O vencedor  vai ser premiado com o livro “A criação: um apelo para salvar a vida na Terra”, da autoria de E. O. Wilson, oferecido pela editora “Gradiva Publicações, S.A.”. Os trabalhos classificados com menção honrosa terão a oportunidade de integrar uma galeria de imagens no site do Ciência 2.0.
   Envia o teu trabalho até ao dia 15 de outubro para o e-mail: assessoria@ciencia20.up.pt
  O nome do vencedor e a atribuição das menções honrosas vão ser comunicados nas redes sociais, no dia 18 de outubro.
   Aproveita esta oportunidade para dares asas à tua imaginação, aliando a ciência à arte!
   Para mais informações sobre o passatempo, contacta-nos: 22 040 84 24.

Parasitismo: os piolhos não preferem as crianças nem cabeças mal lavadas! Descubra algumas curiosidade e mitos

   Reproduzimos um artigo do site Ciência 2.0 sobre parasitismo.   
   Porque é importante conhecermos melhor os pequenos insetos que nos têm como 'alvo' para podermos perceber o que é válido cientificamente e o que não passa de mitos. Inevitavelmente, teremos de aprender a conviver da melhor forma com ... os piolhos!  
Piolho do cabelo
  História e vida de um chato parasita Renata Silva 

   Convivemos com eles há milénios. E até em múmias de faraós foram encontrados. Falamos de insetos que nos são incómodos, fazendo por exemplo do couro cabeludo o seu habitat. Piolhos (Pediculus humanus capitis), pois claro.

   Entre aqueles que melhor conhecemos existem mais de 5 mil espécies a nível mundial. “Podemos dividi-los em dois tipos: os que se alimentam de sangue – picadores –  e os que se alimentam de células ou de fragmentos de pele mastigadores”, começa por explicar José Grosso-Silva, entomólogo e investigador do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO).
   Enquanto os “picadores” se alimentam de mamíferos, a maioria dos piolhos do tipo “mastigador” parasita aves, em geral de uma só espécie. De entre os piolhos que têm o ser humano como hospedeiro existem subespécies especializadas no corpo (Pediculus humanus humanus) e uma espécie especializada na região púbica (Pthirus pubis).  
   Em comum possuem uma vantagem pelo facto de parasitarem animais de sangue quente é que se encontram num ambiente favorável para o seu desenvolvimento, uma vez que lhes fornecem calor, acelerando o seu metabolismo e permitindo a sua atividade durante todo o ano. 
   Descendentes de formas aladas, perderam as suas asas devido à vida ectoparasitária. Os ovos dos piolhos demoram 4 dias a incubar e podem reproduzir-se durante todo o ano. “As fêmeas do piolho da cabeça depositam os ovos, conhecidos por lêndeas no cabelo, segregando uma substância que seca e endurece com o tempo”, adianta o especialista do CIBIO.
   Por isso, nem a água, nem mesmo, sob algumas exceções, um champô específico, são capazes de as aniquilar. “O champô com inseticidas, em si, pode não ser suficiente, pois mata os piolhos adultos, mas se as lêndeas sobreviverem, vão incubar e desenvolver-se, mantendo-se assim a infestação no hospedeiro”, explicita José Grosso-Silva. Para as retirar aconselha-se o conhecido pente fino.
   Piolhos podem resistir até 48 horas num objeto
   Mas os piolhos têm ainda um outro truque na manga para ficarem bem presos ao hospedeiro do qual dependem. Trata-se de uma adaptação ao nível das patas, já que possuem unhas adaptadas ao tipo de cabelo. “Quando a unha fecha, deixa um canal que se ajusta ao cabelo, fazendo com que o piolho se consiga agarrar bastante bem”, explica.
   Os piolhos podem viver entre 45 a 55 dias e conseguem estar até 48 horas sem se alimentarem, alojados por exemplo num chapéu de uma criança, numa escova ou num gancho. Contrariamente ao que se possa pensar o piolho não voa, nem salta. O que lhes basta é estar próximo com o cabelo ou entre cabelos o suficiente para se soltarem de um cabelo e se agarrarem de imediato ao outro que está ao lado.
   Falta de higiene não é necessariamente mais apetecível para o piolho
   E porque é que os piolhos são mais comuns nas crianças? É a pergunta que se coloca ainda. O especialista responde: “Porque existe uma maior facilidade de transmissão no caso das crianças pela proximidade física com que brincam e interagem e porque estas partilham diversos objetos como acessórios de cabelo ou chapéus”. Os picos de maior abundância têm a ver com alturas mais propícias ao contágio, por exemplo no regresso às aulas.
   Os piolhos ainda são um assunto tabu na nossa sociedade. José Grosso-Silva não hesita em dizer que a falta de higiene não está associada a uma maior presença de piolhos. Até antes pelo contrário: “Uma cabeça limpa e não oleosa poderá até ser mais apetecível para o piolho porque ele precisa de furar a pele e, portanto, quanto mais limpo estiver o couro cabeludo melhor”.
   A presença dos piolhos é incómoda devido à comichão e ardor que se sente na pele. Ora, só a sentimos porque o piolho tem mais uma defesa. Para não ficar agarrado ao couro cabeludo devido à coagulação do sangue, este injeta saliva com substâncias anticoagulantes responsáveis pela sensação de incómodo que é sentida.