segunda-feira, 31 de outubro de 2011

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A propósito do Aquecimento Global

   Mais uma notícia do Jornal Público: 


   Estudo independente ataca cépticos e confirma que a Terra está mesmo mais quente
   21.10.2011, Helena Geraldes


   A temperatura da Terra aumentou, em média, 1ºC desde a década de 1950, diz um grupo de cientistas americanos que quis responder às dúvidas dos mais cépticos e aquecer o debate climático, em lume brando desde o “climategate” em 2009.

   A temperatura média da superfície terrestre aumentou 1ºC desde meados da década de 50, concluiu o chamado Grupo de Berkeley, dez cientistas da Universidade da Califórnia, em quatro estudos científicos independentes, divulgados ontem à noite. “O aquecimento global é real”, escreve, em comunicado, o grupo coordenado por Richard A. Muller, professor de Física daquela universidade, ele próprio um antigo crítico. (...)

   O artigo original, em inglês, encontra-se aqui.

   E, como se não bastasse a força das palavras, aqui fica um vídeo de alerta!

  

Fotógrafo Português também distinguido por fotografia da Vida Selvagem


   A imagem de um tubarão azul ao largo do Faial, nos Açores, deu ao fotógrafo português Nuno Sá um “alto louvor” no concurso Veolia Environment Wildlife Photographer of the Year 2011.
“Racing blue” foi a fotografia com a qual Nuno Sá ganhou um “alto louvor” na categoria “The Underwater World”, distinguindo-se entre um total de 41 mil fotografias vindas de 95 países. A imagem vencedora deste ano é “Still life in oil”, do espanhol Daniel Beltrá.





   O National History Museum de Londres, que promove o concurso, dedica a Nuno Sá uma página

   Para quem quiser conhecer a obra deste fotógrafo, a página pessoal encontra-se aqui. Poderá ser um autor pouco conhecido, mas concerteza tem sido amplamente reconhecido o seu trabalho em variadas revistas associadas ao mundo marinho!

  O LusoCiências felicita o autor!

domingo, 23 de outubro de 2011

Prémio Fotografia da Vida Selvagem: Daniel Beltrá vence com fotografia de derrame de petróleo

   Daniel Beltrá, espanhol radicado nos EUA, venceu a edição de 2011 do concurso de Fotografia da Vida Selvagem. 
   O trabalho do autor incluem reportagens sobre as florestas húmidas, o gelo e o derrame de petróleo no Golfo do México, em 2010 (com responsabilidade da multinacional BP). Mais fotografias de Beltrá.

Fotografia vencedora do concurso: Pelicanos cobertos com petróleo


  Em entrevista, o fotógrafo fala sobre o que o motiva a trabalhar em vida selvagem e, em particular, a sua experiência no desastroso derrame de petróleo da BP em 2010, que atingiu em particular todo o Golfo do México. Foca aspetos-chave como a necessidade de encarar este tipo de desastre como tendo origem na ação humana, a necessidade de viver de forma mais sustentável, do crescimento demográfico explosivo, entre outros.


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Dia Mundial da Massa - festejado a 27 Outubro no Colégio Luso-Francês

  No âmbito das comemorações do Dia Mundial das Massas, dia 25 de Outubro, a Milaneza promove uma acção de sensibilização para uma alimentação equilibrada e saudável.

  Assim, no dia 27 de Outubro, entre as 14h30 e as 16h30 será instalado (junto à sala multimédia) um espaço com material informativo e um plasma que servirão de apoio. Neste espaço os alunos terão oportunidade de obter informação sobre uma alimentação equilibrada, o seu peso ideal (IMC), estilo de vida saudável e sobre as massas alimentícias com orientação de uma nutricionista especializada.

   A ação é promovida pela Milaneza, e terá particular interesse para alunos do 9º Ano de escolaridade, uma vez que as temática de Saúde Individual e Comunitária e Opções que interferem no equilíbrio do organismo: Alimentação fazem parte do programa de Ciências Naturais!

   Passem por lá: poderá mesmo transformar-se num fenómeno de massa!...



  

Afinal o que é a Vida? E como começou? (Luís Alcácer)

 
   Não havia espaço, nem tempo. Nem matéria, nem energia. Era o "vácuo" (o "nada"). Mas, o "vácuo" também não existia. Era apenas um estado quântico. Nos primeiros 10-43 segundos (0.0000000000000000000000000000000000000000001 segundos) os físicos não sabem bem o que aconteceu. Isso foi há cerca de 15 mil milhões de anos! Deram-lhe o nome de "Big Bang". A partir daí, a física tem uma teoria relativamente bem fundamentada, suportada por observações da radiação cósmica.     
  
   A Terra deve ter-se formado há cerca de 4.56 mil milhões de anos. A existência de fósseis data a origem da vida na Terra, em pelo menos 3,5 mil milhões de anos. Há mesmo vestígios fósseis de células primitivas em rochas da Groenlândia com pelo menos 3,8 mil milhões de anos. A vida poderia ter começado, ainda muito antes, noutro astro de um qualquer sistema, ou em mais do que um. Para o caso, isso é irrelevante. De entre as moléculas que havia na Terra antes do aparecimento da vida (há 3 ou 4 mil milhões de anos) estavam provavelmente a água, o dióxido de carbono, o metano e a amónia. Os químicos têm tentado imitar essas condições, colocando essas substâncias num balão e aplicando-lhes uma fonte de energia (luz ultravioleta ou descarga eléctrica — simulação de relâmpagos). Passadas algumas semanas encontram no balão moléculas mais complexas do que as originais: aminoácidos (blocos da construção de proteínas), purinas e pirimidinas - blocos da construção do ADN (ácido desoxirribonucleico).
 




 Em dado momento formou-se, por causas ainda obscuras, uma molécula capaz de criar cópias de si mesma: um "replicador", que actuava como modelo, no caldo rico nos blocos moleculares necessários à formação de cópias.
   Surgiram entretanto vários replicadores que competiam entre si pelos tais blocos. As variedades menos favorecidas ter-se-ão extinguido. As que sobreviveram construíram "máquinas de sobrevivência" dentro das quais pudessem viver. Actualmente os replicadores são os genes e as "máquinas de sobrevivência" somos nós! O gene é uma "entidade molecular" de extraordinária estabilidade — só assim se justifica a sua sobrevivência. Essa estabilidade de moléculas e agregados só se pode explicar pela ligação química e pelas interacções intermoleculares (e.g., ADN = 2 hélices enroladas uma sobre a outra!). A teoria que explica a ligação química e estabilidade das moléculas é a teoria QUÂNTICA.
   A descoberta da síntese da ureia em 1828 por Friedrich Woehler, a partir do cianato de amónio (sal inorgânico) derrubou a teoria de que os compostos orgânicos só poderiam ser sintetizados pelos organismos vivos (teoria da força vital).
  Em 1922 o cientista russo Oparin sugeriu que a vida da célula foi precedida de um período de evolução química.
   Em 1953, Stanley Miller (na Universidade de Chicago), então com 23 anos, realizou uma experiência que ficou célebre: c
olocou num reactor (balão), uma mistura de amónia, hidrogénio e vapor de água (a que se chamou depois, a sopa primitiva). Queria assim simular a atmosfera primitiva. Depois de selar o reactor, provocou sucessivas descargas eléctricas no seu interior. Duas semanas depois (e muitas descargas) o líquido começou a mudar de cor. Quando o analisou encontrou pelo menos dois aminoácidos: a alanina e a glicina. As interacções entre estas moléculas poderiam levar à formação de moléculas mais complexas. A formação de ácidos nucleicos poderia ser um indício de vida pré-celular. De facto, em experiências posteriores (com outros reagentes inorgânicos simples) foram detectados ácidos nucleicos. A adenina poderia ser obtida a partir da polimerização de cianeto (que se poderia facilmente formar numa atmosfera primitiva). A adenina e outras bases poderiam, na presença de ácidos nucleicos, auto-organizar-se e formar hélices. Eventualmente, estes elementos pré-celulares poderiam ser envolvidos por uma membrana (lípido-proteína) dando origem a células primitivas.                        

 É, então, possível criar um ser vivo artificial a partir de matéria inorgânica?
   

   A experiência de Miller levou à ideia de criar vida artificial. Tem havido muitas tentativas. David W. Deamer, por exemplo, da Universidade da Califórnia, Santa Cruz, lançou a ideia de criar uma "protocélula" (célula primitiva) há cerca de 30 anos. Segundo ele, a protocélula deveria satisfazer 12 requisitos, nomeadamente, ter uma membrana que capta energia, manter gradientes de concentração de iões, confinar macromoléculas e dividir-se. As macromoléculas devem poder crescer por polimerização, evoluir, armazenar informação, ter a possibilidade de sofrer mutações, promover o crescimento de polímeros catalíticos. Vários laboratórios já conseguiram alguns destes requisitos, mas ainda faltam dois: i) a célula deve conter genes e enzimas que podem ser replicados e ii) esses genes devem ser partilhados entre as células filhas. David W. Deamer espera que, brevemente, seja possível atingir estes objectivos, talvez através de uma enzima que se duplique, e actue simultaneamente como material genético e catalisador.
   
  Albert Libchaber, da Rockefeller University, sintetizou um plasmódio (célula com vários núcleos, formada através da divisão de um núcleo inicial) que gera proteínas e as coloca em sacos de membranas.Estas células (que funcionam) sobrevivem por 4 dias, mas não conseguiu que se reproduzissem. Em Junho de 2007 apareceu nos media (e. g., BBC News) uma notícia que deixou muito boa gente estupefacta: um grupo de cientistas submeteu um pedido de patente para um método de criar um "organismo sintético". O pedido de patente, do Instituto J. Craig Venter, reclama propriedade exclusiva de um conjunto de genes e de um organismo sintético vivo, que pode crescer e replicar-se, feito a partir desses genes. 
  O termo "BIOLOGIA SINTÉTICA" apareceu pela primeira vez no título de um artigo na revista NATURE em 1913, mas desapareceu até 1980, altura em que é aplicado no mesmo sentido que a tecnologia do ADN recombinante. Hoje em dia, o termo é usado para descrever a engenharia de circuitos genéticos, genomas e mesmo organismos. A definição de biologia sintética é ilusiva, com o é a definição de "vida" diz Vincent Noireaux, professor de física da Universidade de Minnesota. Há ainda muitas questões fundamentais a resolver.

   A vida parece ser comportamento ordenado da matéria, não baseado na tendência para passar da ordem à desordem (Segundo Princípio da Termodinâmica), mas sim na ordem existente, que se perpetua, ou mesmo na passagem da desordem à ordem (por auto-organização ou self-assembly). Mas sobre isso dissertarei noutra altura.


Luís Alcácer

Comunicação: de Ciência e entre Bactérias!

   A Investigadora do IBMC-INEB Maria João Fonseca foi finalista do concurso FameLab do Ciência Viva, e a sua apresentação fala-nos da comunicação entre bactérias (o quorum-sensing).


   

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sobre as memórias, na Escrita, na Vida e na Educação

 Sobre a memória e a sua importância na Vida e também na aprendizagem. 
  Post de Rui Baptista no De Rerum Natura

  «Sem memória esvai-se o presente que simultaneamente já é passado morto» (José Cardoso Pires, 1925-1998).

  O recente e oportuno post do Professor Carlos Fiolhais, recentemente publicado (10/10/2011) e intitulado“Aprender a Aprender”,abordou o controverso papel da memória nas aprendizagens escolares.

  Por entender que um meu post (aqui dado à estampa em 08/02/2011), “O papel da memória nas aprendizagens escolares”, tendo como suporte um leque de opiniões que vai desde Vitorino Magalhães Godinho a conceitos da neurofisiologia, poderá ter algum interesse, aqui o reproduzo sem intuitos dogmáticos mas, como diria Ortega y Gasset, apenas, como um meio de discussão permanente. Com ligeiríssimas alterações, transcrevo o que então escrevi:

  "Em crítica de Vitorino Magalhães Godinho, falecido em Abril deste ano, reputado académico e antigo Ministro da Educação e da Cultura, dos 2.º e 3.º governos provisórios, “dispensou-se a memorização da tabuada ou das regras da gramática, como das datas mais importantes da história de Portugal. E de modo geral receia-se que recorrer à memória afecte os frágeis cérebros infantis ou juvenis” ("Problemas da Institucionalização das Ciências Sociais e Humanas em Portugal", Revista da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Lisboa, 1989).

  E, por se tratar da complexa “maquinaria da memória”, refiro o acontecido com José Cardoso Pires, “escritor que veio do branco, da angústia, de um isolamento sem nome, sem assinatura e sem memória” (João Lobo Antunes, Memórias de Nova Iorque e Outros Ensaios, Gradiva, 2003, p. 212), na altura de um AVC de que foi vítima. Relata-o António Guerreiro, da forma seguinte: “Todos os acontecimentos têm uma data e um local precisos. Este deu-se em ‘Janeiro de 1995, quinta-feira’, quando o José Cardoso Pires, ele mesmo, à mesa do pequeno-almoço, se começa a sentir mal e faz uma pergunta estranha à mulher – ‘Como é que tu te chamas?’, que lhe responde devolvendo-lhe a pergunta: 'Eu Edite. E tu?’. Resposta: ‘Parece que é Cardoso Pires’" (Expresso, 24/05/1997).

  A recuperação de José Cardoso Pires, segundo o neurocirurgião João Lobo Antunes, ficou-se a dever ao facto de “a área que temporariamente ‘deixou à sede e à fome, e pela qual falava, lia e escrevia, tudo funções em que é exímio’, era mais musculada que a do comum dos mortais”. Um ano antes da sua morte, Cardoso Pires escreveu o livro autobiográfico De Profundis, Valsa Lenta, em que relata a sua “memória de uma desmemória” sobre o sofrimento atroz que a perda de memória, ainda que temporária, lhe trouxera.

  O cérebro e a memória são matérias para mim particularmente gratas. Existe uma má memória dos alunos (na gíria académica, os chamados "marrões") que, sem perceberem patavina da matéria estudada, papagueavam nos exames orais, ou escarrapachavam ipsis verbis no papel das provas, os livros e sebentas. Quiçá por esse facto generalizou-se o princípio de que a memória pode andar arredada da inteligência, um conceito abstracto que abarca uma panóplia imensa de formas de aptidão para as ciências, para as humanidades, para as belas-letras e artes, para a prática desportiva, etc. E isto sem falar na inteligência emocional, estudada por António Damásio, neurocientista português de prestígio internacional e autor do bestseller de 1994: O Erro de Descartes.

  Mas já mesmo quinze anos antes, David Krech, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, escreveu em Cérebro e Comportamento (Salvat, Rio de Janeiro, 1979, p. 84): “Acreditava-se que havia uma distinção radical entre o comportamento racional e o comportamento emocional. No entanto, os modernos estudos sobre o cérebro demonstram que esta dicotomia carece completamente de significado. Quando falamos de cérebro temos de especificar se se trata de todo o cérebro ou apenas do córtex cerebral, pois há toda outra parte do cérebro, a parte mais antiga (sob o ponto de vista de desenvolvimento das espécies) que é a parte mais intimamente ligada com as emoções". À pergunta “em que situação se encontram actualmente as pesquisas no campo da neurofisiologia?”,respondeu Krech de forma sugestiva e humilde: “A neurofisiologia encontra-se num sótão escuro procurando um gato escuro, sem ter a certeza que ele ali está. Seu único indício são leves ruídos que parecem miados” (ibid., pp. 87 e 88).

  Mesmo tendo em conta as surpreendentes descobertas sobre o cérebro que a tomografia por emissão de positrões tem proporcionado, receio que as indagações do filósofo, matemático e físico Blaise Pascal tardem em encontrar uma resposta científica: “Que quimera é o homem? Que novidade, que monstro, que caos, que prodígio? Juiz de todas as coisas, verme imbecil, cloaca de incerteza e de erro, glória enojo do Universo. Quem deslindará esta embrulhada?”

  Todas as formas de inteligência ou aptidões, atrás elencadas, fazem parte do nosso código genético (aqui, o termo código genético é utilizado de forma pouco rigorosa, antes deveria ser utilizado o termo genoma, ou conjunto de informações genéticas), em localizações corticais com funções específicas e respectivas associações na dependência da acção das substâncias químicas (os neurotransmissores), enfim de todo o corpo, numa condição sintetizada pelo psiquiatra alemão Ernest Krestchemer: “O homem pensa com o corpo todo”.

  Devido à sua plasticidade, o cérebro, interagindo com o meio ambiente e se exercitado através de uma “ginástica” apropriada, pode melhorar, até um determinado limiar, o seu desempenho. Em condições patológicas, como, por exemplo, nos AVC, fica-se a dever à acção vicariante das zonas corticais não atingidas, e à força de vontade do paciente, o maior ou menor êxito da reabilitação funcional.Para melhor se compreender a complexidade anatómica e funcional do cérebro, nada melhor do que ouvir o neurocientista Richard Thompson, da Universidade de Carolina do Sul: “O cérebro humano consta aproximadamente de 12 biliões de neurónios e o número de interconexões entre eles é superior ao das partículas atómicas que constituem o universo inteiro”. São números impressionantes que escapam ao entendimento comum. Para a fisiologia, “o fundamento da memória reside nas mudanças eléctricas que se produzem no cérebro quando se recorda alguma coisa".Nos fenómenos cerebrais tem um papel importante a memória, que é indispensável às aprendizagens escolares, e não só. Para compreender o papel da memória na aprendizagem os neurofisiologistas defendem a necessária a colaboração de professores, neurologistas, bioquímicos e psicólogos. A memória vai sendo perdida com a idade (daí o interesse em exercitá-la em idades avançadas), assumindo-se como uma verdadeira patologia na doença de Alzheimer.

  A memória, no nosso dia-a-dia, é uma verdadeira biblioteca para a inteligência e sua ligação ao raciocínio. A inteligência depende de uma associação de ideias, pois como nos diz M. L. Abercrombie, que se dedicou ao estudo dos processos de percepção e raciocínio, “nunca nos encontramos perante um acto de percepção com a mente inteiramente em branco, pois estamos sempre em estado de preparação ou de expectativa, devido a experiências passadas.”
Ficamos a dever aos “sulcos” que a memória vai deixando no cérebro (os chamados engramas) a capacidade de nos lembrarmos dos acontecimentos da nossa vida e, obviamente, das aprendizagens que durante ela foram sendo feitas. Lamentavelmente, o nosso ensino tem subalternizado o papel importantíssimo da memória na aprendizagem do aluno, como ocorria na recitação de poesias, na aquisição e preservação de conhecimentos de história, de geografia, da tabuada, etc. Esta última actividade tem sido substituída por maquinetas de calcular operadas pelo dedo indicador.Estas pequenas migalhas de um apaixonante e complexo estudo mais não pretendem do que chamar a atenção dos educadores para o importante papel da memória, tão maltratada actualmente no nosso ensino, como se fosse um anátema ou uma praga. Menosprezar o papel da memória é um erro. Ora, os erros no ensino pagam-se bem caro e com elevados juros de mora!”. RUI BAPTISTA

Alterações climáticas, qualidade do ar e sustentabilidade (vídeo)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Imagens do Everest em tempo real! Monitorização de alterações climáticas

   O Público noticia: 


   (...) A webcam mais alta do mundo foi instalada nos Himalaias, a mais de 5600 metros de altitude, para transmitir imagens quase em tempo real do Monte Evereste e assim ajudar os cientistas a estudar os efeitos das alterações climáticas.
         A câmara, que funciona com energia solar e suporta temperaturas até 30°C negativos, foi instalada a 5675 metros de altitude, na montanha Kala Patthar, de frente para o Evereste. (...)


   O LusoCiências completa: 


   As imagens em tempo real do Everest, captadas pela referida webcam!  

Aspeto do site que transmite as imagens do Everest

   

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Humor em Ciência e Ciência no Porto

 Algum Humor & Ciência & Porto:




CLF na Noite dos Investigadores (2010 e 2011)

   Enquanto aguardamos pela vídeo-reportagem da up.tv na Noite dos Investigadores em 23 de Setembro passado, na Praça dos Leões, no Porto, onde estiveram presentes as turmas de 9º Ano do CLF, fica o vídeo do ano passado, onde também esteve presente uma turma de 9º Ano do CLF (aparentemente, as grandes estrelas deste excerto!):

    Vídeo NEI 2010

   Algumas fotos da NEI no Porto

   Para breve, a NEI 2011 em registo!


 

domingo, 9 de outubro de 2011

Padre Luís Archer, Cientista em Genética Molecular (1929-2011)

   O Padre e Biólogo Luís Archer faleceu aos 85 anos. Natural do Porto, com formação teológica e científica, faz-nos refletir sobre a (in)compatibilidade das duas áreas de actividade humana. 
   Segue-se um excerto da notícia no Jornal Público. Uma entrevista completa, em 2006, com Archer, aqui.


  (...)
  Luís Archer era natural do Porto, mas viveu grande parte da vida em Lisboa. O biólogo nasceu a 5 de Maio de 1928, e aos 21 anos entrou para a Companhia de Jesus.

  Entre 1943 e 1960 completou as licenciaturas em ciência biológicas, filosofia e depois teologia. Apesar de ter terminado o curso em biologia com uma média de 18, Luís Archer queria dedicar-se às humanidades. Mas foi o seu superior, o padre Lúcio Craveiro da Silva, que pediu para prosseguir na biologia, já que tinha um currículo nessa disciplina e havia poucos jesuítas especialistas em ciências.

  Archer escolheu então a genética molecular, uma área que na década de 1960 era o futuro. “Fui para os Estados Unidos, tive muita dificuldade no princípio. Tinham passado 15 anos após a minha licenciatura. O que eu não tinha esquecido já não era igual. Mas pensei: tem que ser a sério e tem que ser uma matéria que sirva o país”, explicou numa entrevista ao PÚBLICO dada em 2006.

  Terminou o doutoramento nos Estados Unidos e voltou para Portugal, onde teve que repetir o doutoramento, na Faculdade de Ciências do Porto, já que na altura não havia equivalências.

  Em 1971 inicia os trabalhos científicos no Laboratório de Genética Molecular no Instituto Gulbenkian de Ciências, onde permanece durante 20 anos. É nesta altura que introduz o estudo da genética molecular na Universidade portuguesa. No laboratório estuda o processo de transformação nas bactérias, onde existe transferência de material genético de uma bactéria para a outra.

  O interesse pela evolução do conhecimento científico e a capacidade crescente da tecnologia transformar a natureza faz com que se envolva em temas como a bioética. Entre 1996 e 2001 assume a presidência do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. Ao longo das décadas lança vários livros sobre ciência e bioética, o último em 2006, intitulado “Da Genética à Bioética”.

  Sobre a evolução científica, iria dizer em 2006, quando recebeu o prémio Manuel Antunes, aos 80 anos, que a tecnociência é “indispensável para o progresso das civilizações, mas não se pode tornar um absoluto”. Na entrevista ao PÚBLICO apesar de defender que a ciência estava mais humilde do que no passado, Archer revelava uma preocupação em relação à corrente do trans-humanismo – a ideia que o homem é uma máquina e que é possível aperfeiçoá-la: “O homem acabará com os sentimentos e os afectos, e será reduzido a reacções químicas e a potenciais eléctrodos que podem ser inseridos no indivíduo. (…) É muito funda no ser humano [a ideia de] mecanizar, reduzir todo o fenómeno humano a equações, a química, fórmulas, traços.”
(...)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Eurobarómetro - Preocupações dos cidadãos Europeus com o clima


Notícia saída hoje, no Público


Estaremos a viver uma época de sobre-informação, mas pouco significativa ou pouco eficaz na chegada aos cidadãos?


Portugueses são os que menos vêm o clima como o maior problema mundial



Apenas sete por cento da população – um em cada 14 residentes – acha que se trata do mais sério problema que a humanidade está neste momento a enfrentar e 28 por cento dizem que é um dos três maiores problemas actuais. A média da União Europeia é de 20 por cento e 51 por cento, respectivamente.

Entrevistados em Junho de 2011, os europeus colocaram as alterações climáticas em segundo lugar na lista das suas preocupações, apenas atrás da pobreza, fome e falta de acesso a água.

Portugal é um dos países que mais se afasta deste padrão. A pobreza também está no topo, com 44 por cento dos portugueses a dizer que este é o principal problema actual. Mas depois surge a situação económica, com 25 por cento, seguida do terrorismo, com nove por cento. As alterações climáticas ficam em quarto lugar.

O anterior Eurobarómetro sobre a atitude dos europeus quanto ao aquecimento global tinha sido realizado há dois anos, em Agosto-Setembro de 2009, pouco antes da mediática conferência climática das Nações Unidas, em Copenhaga. Na altura, também não tinha ainda estalado a polémica sobre os emails roubados de uma universidade britânica, que alegadamente revelavam procedimentos incorrectos de climatologistas – no que ficou conhecido como o caso Climategate.

Passados dois anos, as alegadas dúvidas lançadas pelo Climategate sobre a ciência parecem não ter tido reflexo no nível de preocupação dos cidadãos. Mesmo que metade dos europeus não coloquem as alterações climáticas a liderar a lista dos males globais, cerca dois terços (68 por cento) acham que se trata de um problema “muito sério”, contra 64 por cento em 2009. Em Portugal, este valor até sobe para os 75 por cento – ou seja, os portugueses preocupam-se com o aquecimento global, mas acham que há problemas mais relevantes neste momento.

A crise económica é um deles. Em 2009, dez por cento dos portugueses apontavam o recuo da economia como o principal problema mundial, contra 25 por cento agora.

Quanto à contribuição individual de cada um para resolver o problema, a maior parte dos portugueses (56 por cento) diz que separa o lixo para reciclagem, 29 por cento evitam produtos descartáveis, como sacos plásticos de supermercado, e 14 por cento dão preferência a produtos locais. O carro, este, não é visto no país como uma arma para combater o aquecimento global. Só um por cento dos inquiridos no país admitem que isto pesou na hora de escolher um novo automóvel.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

The Sagan Series

   Com textos e locução do grande cientista e divulgador de Ciência, Carl Sagan (1934-1996): The Sagan Series (ver série completa)

                                                                        Episódio 1: The frontier is everywhere

Texto de opinião de Helena Damião: Exemplos que dão ânimo (Prémios em Olimpíadas obtidos por alunos portugueses)

   Reproduz-se aqui o texto de Helena Damião, publicado no De Rerum Natura:


   As medalhas (mais uma vez) conquistadas pelos alunos portugueses na Olimpíadas da Física confirmam o que o Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (PISA) tem vindo a revelar nas suas diversas passagens (2000, 2003, 2006 e 2009): o nosso sistema de ensino tem núcleos de excelência.

   De facto, a média dos resultados académicos obtida pelos melhores estudantes do nosso país é melhor do que a média dos resultados académicos obtida pelos melhores estudantes dos diversos países participantes, nomeadamente dos que pertencem à OCDE.

   Na mesma lógica estatística, o problema é que a percentagem de alunos com resultados académicos muito baixos é elevadíssima.

   Há que trabalhar tanto para uns como para outros, se queremos que uns se mantenham no topo e outros se aproximem o mais possível dele, sendo que, neste particular, há muito a fazer.

   Mas são exemplos destes - de alunos e de professores - que motivam, que nos dão ânimo para continuar.

Luis Walter Alvarez: Física, Pirâmides do Egito e Dinossauros

   Luis Walter Alvarez, Físico e Prémio Nobel em 1968,  debruçou-se sobre a extinção dos Dinossauros com o seu filho Walter e ainda sobre a morte do presidente dos EUA, J.F. Kennedy. Difícil de ver a ligação entre os assuntos? Ora então leiam o artigo de Carlos Fiolhais (em De Rerum Natura)

    Qual é a relação entre dinossauros, pirâmides e JFK? Pois o norte-americano Luis Walter Alvarez, Prémio Nobel da Física de 1968, estudou estes três assuntos. Ele ganhou o Nobel pela descoberta de partículas elementares usando câmaras de bolhas. Mas a revista “American Journal of Physics” de Novembro último (da Associação Americana de Professores de Física) informa-nos sobre os esforços bem sucedidos de Alvarez para resolver enigmas na paleontologia, na história antiga e na história moderna.

A ideia da extinção dos dinossauros por um acidente cósmico é hoje bem conhecida. Foi precisamente Luis Alvarez, em conjunto com o seu filho geólogo (Walter como o pai, mas sem o Luís), quem formulou em 1980, com       base na descoberta de traços de irídio nos estratos entre o Cretácico e o Terciário (actual Paleogénico), a hipótese de que a extinção dos dinossauros se teria devido ao impacte de um grande meteoro. Uma grande cratera foi encontrada no México dez anos mais tarde...

                                             LW Alvarez e o filho Walter, junto da camada de Irídio descoberta em Itália 

Falava-se de uma câmara oculta no interior da pirâmide de Quéfren, no Cairo. Para a localizar Luis Alvarez colocou um detector de raios cósmicos numa câmara conhecida por baixo da pirâmide. O que ele fez não foi mais do que tirar uma espécie de radiografia à pirâmide, mas usando muões naturais em vez de raios X. A partir da observação das partículas recolhidas concluiu que a tal câmara secreta não passava de um boato.

Finalmente, e para investigar a teoria conspirativa segundo a qual havia um segundo atirador a disparar, em Dallas, sobre o presidente Kennedy, analisou um filme da passagem do carro presidencial. Havia quem dissesse que um tiro dado de frente teria feito recuar a cabeça do presidente. Mas Alvarez, com base na observação dos “frames” (não esqueçamos que era um especialista em chapas fotográficas para registar partículas) e nas leis da física desmentiu categoricamente essa hipótese do segundo atirador.

Qual é a moral destas histórias? Quem sabe ciência fundamental, que parece inútil, é capaz de fazer a melhor ciência aplicada, que é muito útil!

domingo, 2 de outubro de 2011

Arte e Ciência: a prova da comunhão entre saberes

   Arte e Ciência podem conviver. E há quem promova esse convívio, desmontando a ideia de que as áreas do saber são estanques. Há método na Arte e criatividade na Ciência!
 

Há um artista no laboratório onde se estuda o cancro

Fotógrafo Pedro Barbosa aceitou o desafio de transformar o Ipatimup no seu próprio laboratório criativo


Ver notícia completa e vídeo em P3




   

sábado, 1 de outubro de 2011

Sobre Conhecimento Científico e Conhecimento do Senso Comum

   Alguns leitores reconhecerão esta valorização do conhecimento construído em contexto extra-escola para o que se ensina-aprende na Escola! 

   Uma palestra TED sobre Ciência e Educação em Ciência. A importância dos modelos que construímos acerca do Mundo e como é difícil reconstruí-los em contexto de educação formal. 


   Serve como apelo a Educadores e chamada de atenção de Educandos, mas são bem-vindas opiniões divergentes!



     Poderão ainda assistir ao vídeo aqui, com possibilidade de o legendar em Português do Brasil.