sábado, 30 de novembro de 2013

Olimpíadas de Biotecnologia e Olimpíadas Portuguesas de Biologia

   Foram anunciadas recentemente as datas para a edição deste ano das Olimpíadas de Biotecnologia da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa.

   
    Também no caso das Olimpíadas de Biologia, que passaram a designar-se Olimpíadas Portuguesas de Biologia (o que permitirá aos alunos portuguesas participar nas Olimpíadas Internacionais de Biologia, este ano a realizar em Bali na Indonésia, pela primeira vez!) já há datas de realização das provas. Em Janeiro começam os desafios!

    Tal como nas duas últimas edições, realizar-se-ão também as Olimpíadas Portuguesas de Biologia Júnior, para alunos de 9º ano.

   O Colégio está já inscrito para estes desafios! No início do 2º período serão abertas as inscrições aos alunos, mantenham-se atentos e participem!

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

ConheSer+ em dezembro: da floresta portuguesa ao ilusionismo, dos origamis à microscopia!


Aquisição recente para a Biblioteca do CLF - Secção Ciências Naturais: Atlas anatomofisiológico do Corpo Humano

   O Colégio, através do Departamento de Línguas, adquiriu recentemente algumas obras de grande interesse para as várias áreas do saber. 
   É com grande satisfação que anunciamos que, na área de Ciências Naturais, a obra adquirida foi Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano, um atlas muito completo, cientificamente rigoroso e com ilustrações cuidadas dos vários níveis de organização do organismo humano. Desta obra faz ainda parte um DVD com animações de elevado nível e interesse pedagógico.

      Sinopse: Centenas de imagens 3D originais permitem explorar o corpo humano pormenorizadamente. Descubra como e porque é que o corpo pode funcionar mal, com análises claras e ilustradas de alguns dos problemas mais comuns que afectam cada sistema do corpo. Um DVD excepcional contém animações espectaculares que permitem ao leitor interagir com cada sistema do corpo. Conciso, claro e credível, Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano é o manual interactivo essencial para os que estudam a biologia humana e para os profissionais de saúde e também é um livro de referência abrangente para as famílias.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O Antropoceno: uma nova era, a do Homem (vídeo e espetáculo de dança marcam o início)






    A dupla de coreógrafos Cláudia Martins e Rafael Carriço regressa com uma nova criação. Ou melhor, uma nova era.
   A Humanidade envereda por um paradigma - o "Antropoceno" - resultante do impacto dos excessos sobre o planeta e caracterizado pelo contraste entre a ligação tecnológica constante e a desconexão solitária das pessoas e sociedades. A revolução pode passar por aqui.
   A VORTICE.Dance Company, jovem companhia do panorama nacional, tem visto o seu trabalho ser reconhecido pelo público e pela crítica portuguesa, mas também de países tão diversos como o Japão, Mónaco, Finlândia, Hungria, Roménia, França, Suiça, Espanha, ou Letónia. Internacionalmente, recebeu várias distinções, com destaque para o Philip Morris Grand Prix of Choreography (Helsínquia, 2001).
   O espetáculo vai ser apresentado no próximo dia 6 de dezembro, na Casa das Artes em Famalicão


domingo, 17 de novembro de 2013

3 anos de LusoCiências: Saramago sobre leitura, um lema possível

   Este Blog festeja hoje 3 anos de existência.
   Para assinalar a data, as quase 300 publicações e os leitores que nos visitaram cerca de 21000 vezes, fica um pensamento de José Saramago que foi partilhado ainda na 'primeira infância' deste cantinho de C&T pela Professora Auxília Ramos, e que reflete o espírito do LC. Esperamos ser dignos destas palavras e ideias sobre a leitura e os livros, pois também pretendemos fazer-vos viajar para o outro lado:


    “A razão por que se abre um livro para ler é a mesma por que se olham as estrelas: querer compreender. Mas não há nenhuma lei que obrigue as pessoas a levantar os olhos para o espaço ou a baixá-los para esse universo que é uma página escrita. Não há gosto sem curiosidade nem curiosidade sem gosto. Ler é uma necessidade que nasce da curiosidade e do gosto. Se não tens gosto nem curiosidade, deixa os livros em paz, porque não os mereces. Sempre haverá alguém para abrir comovido um livro, para querer saber o que está por trás das aparências. Cada livro é uma viagem para o outro lado."

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Questão de Ciência: Antitranspirantes provocam cancro da mama?

   Reproduzimos aqui a resposta a uma questão pertinente relativa a higiene pessoal e saúde, colocada e respondida no site Ciência 2.0

   Aqui, a secção do site para qualquer um de nós colocar as suas dúvidas sobre ciência para serem respondidas por especialistas!


Publicado em 13/11/2013 por Ciência 2.0

Pergunta submetida por: Bárbara Silva 

Respondida por: André Torres Cardoso, Liliana Sousa Nanji, Diogo Medina e António Vaz Carneiro, do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência/Faculdade de Medicina de Lisboa

Os antitranspirantes provocam cancro da mama? Mito ou verdade?
Um dos fatores de risco mais bem estabelecidos para o desenvolvimento e progressão do cancro da mama é a exposição a estrogénios ou a substâncias com efeito semelhante aos estrogénios. A teoria por detrás da questão colocada baseia-se na hipótese da presença de substâncias com ação estrogénica nos antitranspirantes poder levar ao aumento do risco de desenvolver cancro da mama,e ainda no facto de a incidência de cancro ser superior no quadrante súpero-externo da mama — coincidentemente, o local onde estes cosméticos são aplicados2.
Analisemos então os constituintes dos antitranspirantes. Por um lado, estes cosméticos utilizam como princípio ativo alguns componentes derivados do alumínio (nomeadamente cloridrato de alumínio), que ao serem absorvidos pela pele podem induzir efeitos hormonais semelhantes aos estrogénios.3,4 Contudo, a nossa pele absorve apenas uma ínfima concentração destes componentes (0.012%), tendo inclusivamente sido demonstrado que a concentração em sais de alumínio é idêntica tanto nos tecidos neoplásicos como nos tecidos saudáveis envolventes, o que torna esta hipótese pouco plausível.5 Por outro lado, outros compostos constituintes dos antitranspirantes são os parabenos, que possuem igualmente a capacidade de produzir efeitos semelhantes aos estrogénios nas células, ainda que a uma escala muito menor aos estrogénios produzidos pelo corpo da mulher.6 Um estudo científico de 2004 comprovou que os parabenos se acumulam nas células de tecido mamário neoplásico, muito embora não se tenham esclarecido a origem destes parabenos nem a relação entre a sua presença e o aparecimento de cancro.7
Olhemos agora para os estudos epidemiológicos disponíveis sobre o tema. Um estudo de 2002 efetuado em 1606 pacientes em Seattle (EUA) demonstrou não existir aumento do risco de cancro da mama nas mulheres que utilizavam antitranspirantes ou desodorizantes no seu dia-a-dia, nem mesmo quando aplicados até 1h após depilação das axilas com lâmina.8 Por outro lado, um outro estudo de 2003 efetuado em 437 mulheres diagnosticadas com cancro da mama em Chicago (EUA) revelou que uma maior frequência na utilização de antitranspirantes associada a depilação axilar, bem como o início precoce desta prática (antes dos 16 anos de idade), se associava ao aparecimento de cancro da mama em idades mais jovens.4 Contudo, este estudo não incluiu um grupo controlo com mulheres sem cancro da mama que permitisse comparar os 2 grupos populacionais, o que limita as conclusões que dele podem ser retiradas. Um estudo de 2006 efetuado em 104 mulheres em Bagdade (Iraque) concluiu que a utilização de antitranspirantes não se associa a um maior risco de cancro da mama — indo ao encontro das conclusões retiradas pelo estudo de 2002 — enquanto que a utilização de contracetivos orais e a presença de antecedentes familiares de cancro da mama se associavam a um aumento do risco para o aparecimento deste tipo de cancro.9
Assim, considerando os dados referidos e ainda o parecer emitido pelo National Cancer Institute7 dos EUA, podemos afirmar que:
• Não há evidência científica suficiente para estabelecer a relação entre a utilização de antitranspirantes e o desenvolvimento de cancro da mama;
• Vários estudos desenvolvidos nesta temática apresentam resultados não esclarecedores ou mesmo contraditórios entre si;
• É necessário desenvolver mais investigação para determinar se substâncias como os parabenos ou os sais de alumínio têm ação ao nível do ADN das células mamárias, causando mutações que podem levar ao desenvolvimento de cancro da mama.

Referências
1.    Darbre PD. Environmental oestrogens, cosmetics and breast cancer. Best Pract Res Clin Endocrinol Metab. 2006; 20(1):121-43.
2.    Darbre PD. Underarm cosmetics and breast cancer.Journal of Applied Toxicology.2003; 23(2):89–95.
3.    Darbre PD. Aluminium, antiperspirants and breast cancer.Journal of Inorganic Biochemistry. 2005; 99(9):1912–1919.
4.    McGrath KG. An earlier age of breast cancer diagnosis related to more frequent use of antiperspirants/deodorants and underarm shaving.European Journal of Cancer.2003; 12(6):479–485.
5.    American Cancer Society. Antiperspirants and Breast Cancer Risk. 2013;http://www.cancer.org/cancer/cancercauses/othercarcinogens/athome/antiperspirants-and-breast-cancer-risk
6.    Harvey PW, Everett DJ. Significance of the detection of esters of p-hydroxybenzoic acid (parabens) in human breast tumours.Journal of Applied Toxicology2004; 24(1):1–4.
7.    National Cancer Institute. Antiperspirants / Deodorants and Breast Cancer. 2008;http://www.cancer.gov/cancertopics/factsheet/Risk/AP-Deo#r1
8.    Mirick DK, Davis S, Thomas DB. Antiperspirant use and the risk of breast cancer.Journal of the National Cancer Institute2002; 94(20):1578–1580.
9.    Fakri S, Al-Azzawi A, Al-Tawil N. Antiperspirant use as a risk factor for breast cancer in Iraq.Eastern Mediterranean Health Journal2006; 12(3–4):478–482.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Biodiversidade e Humor

  Deveremos levar (mais) a sério o que é dito a brincar?

 

    Uma brincadeira com o velho ditado

'- Dá um peixe a um homem, ele tem alimento por um dia. Ensina-o a pescar, ele tem alimento para a vida inteira.
- Pesca em excesso, e em breve ninguém tem alimento.'

Água: recurso vital que 'implora' a nossa atenção!

   Sabia que 66% da água utilizada provém de reservas superficiais e que os sistemas públicos de abastecimento servem 95% da população? Ou que o volume de negócio do sector das águas minerais naturais e de nascente aproximou-se dos 190 milhões de euros em 2012? Já os dados relativos ao desperdício são menos positivos, com cerca de 38% no sector agrícola, 25% no sector urbano e 23% no sector industrial.

   A gestão eficiente da água exige o envolvimento de toda a sociedade, das entidades públicas ao sector privado, das organizações não-governamentais aos consumidores domésticos.


   Muito se tem feito para alertar para a degradação da qualidade da água e do caráter absolutamente vital deste recurso para a vida, humana e de todos os seres vivos. Esta degradação e possível falha de água em quantidade e qualidade, num futuro próximo, assim como a reversão deste caminho, são da responsabilidade exclusiva do ser vivo que mais poder tem para intervir nos ecossistemas: o Homem.

   Café de Ciência O Futuro da Água: desafios da sustentabilidadeque esta quarta-feira, 13 de Novembro, às 18.00, na Assembleia da República. Cientistas, empresários e decisores políticos identificam soluções que assegurem a sustentabilidade dos recursos hídricos do nosso país. 
   O público pode acompanhar este debate em directo através da página web da Ciência Viva




sábado, 9 de novembro de 2013

A importância das florestas na fixação do carbono atmosférico

   Florestas e sumidouros de carbono


   Cerca de metade do carbono do dióxido de carbono emitido para a atmosfera pela queima de combustíveis fósseis é retido na biosfera pela combinação de sumidouros (onde ocorre fixação do dióxido de carbono) oceânicos e terrestres. Destes últimos ressaltam as florestas pela sua extensão e capacidade de sequestro de carbono. As florestas mundiais cobrem cerca de 4,1 x 109 hectares e contêm 80% do carbono terrestre acima do solo (moléculas orgânicas que entram na constituição das células vegetais, em particular a celulose) e cerca de 40% do carbono no solo (raízes e matéria orgânica do solo). Na Europa, durante os anos 90, as florestas sequestraram cerca de 20% do carbono emitido anualmente pela queima de combustíveis fósseis na UE, o equivalente ao carbono emitido pelo setor dos transportes.
    Sequestrar o carbono é evitar que o dióxido de carbono gasoso, consequência da combustão de combustíveis fósseis, se acumule na atmosfera. Da assimilação deste gás pela fotossíntese das plantas (e outros seres fotossintéticos, como algas e algumas bactérias) resultam materiais orgânicos, entre os quais está uma proporção de biomassa perene – madeira – e matéria orgânica do solo, cujo carbono pode permanecer longos anos até ser de novo oxidado até dióxido de carbono e voltar à atmosfera. Existe uma diferença significativa a nível da retenção de parte do carbono fixado fotossinteticamente no ecossistema entre florestas e sistemas agrícolas: nestes últimos, e independentemente da taxa de fotossíntese, a acumulação de carbono é normalmente muito baixa.

Ciclo do carbono representado esquematicamente

    Potenciar o sequestro de carbono pelas florestas tem duas vertentes: por um lado, há a necessidade de conservação das florestas já existentes, e por outro, podemos ampliar o potencial de sequestro de carbono através do aumento da área florestal e da boa gestão do território. Na verdade, as ações de destruição das florestas não só libertam as grandes quantidades de carbono retidas no ecossistema – decomposição ou queima de material vegetal e de matéria orgânica do solo – como diminuem temporariamente a capacidade de sequestro, devido às perdas de potencial produtivo. A desflorestação é uma das causas importantes do aumento de Gases com Efeito de Estufa (GEE) no hemisfério sul e nas zonas tropicais, enquanto no hemisfério norte o principal mecanismo contribuinte é a queima de combustíveis fósseis.
    A plantação de novas florestas e uma gestão cuidada do território podem contribuir também para aumentar a capacidade de sequestro de um país ou região. Em muitos casos, nomeadamente na Europa e América do Norte, esta contribuição é relativamente pequena quando comparada com o que retêm as florestas existentes. Porém, é um processo em que a sociedade pode intervir diretamente e, por isso, o sequestro de carbono resultante de acções de florestação e reflorestação que tenham ocorrido depois de 1990 é suscetível de transacção no âmbito do Protocolo de Quioto, isto é, podem ser objeto do mercado de emissões no período de cumprimento de 2008 a 2012.
João Santos Pereira, n.° 82 (adaptado)


  Destaque-se a participação do Colégio Luso-Francês o Projeto Sequestro do Carbono, dinamizado pelo Parque Biológico de Gaia, durante o ano letivo de 2013/2014, com várias atividades dinamizadas durante o ano no sentido de angariar fundos para promover a florestação de uma área a adquirir pelo Parque.
Certificado de colaboração do CLF no Projeto Sequestro do Carbono 

 Relativamente às florestas em território nacional, e após mais um Verão carregado de incêndios (não se apague a memória em meses de outono e inverno!), as perspetivas não são animadoras...
Evolução da área ardida, em hectares, nas florestas portuguesas, entre 1980 e 2012

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

ConheSer+ em novembro: da paleografia à expressão dramática, de Aquiles ao papel marmoreado e sabonetes de glicerina

   
    Em novembro ConheSer+ é (des) dramatizar e descodificar!

    Em quatro sessões os alunos poderão conhecer algumas técnicas para (re) inventar a voz e o corpo, explorar o espaço e o tempo em perspetiva animada e, consolidar as novas competências em exercícios de improvisação. Esta experiência pretende levar os alunos a um autoconhecimento das suas capacidades de expressão, valorizando a sua unicidade enquanto pessoa e, desse modo, aumentar a eficácia nas múltiplas comunicações do quotidiano.
    
    Na oficina de psicologia vamos falar das formas que o medo tem, aprender a utilizar um “medómetro” e algumas estratégias para lidar com “Aquiles” que nos assusta. 
    Os alunos Diogo, Rui e Tiago do 8ºA vão sensibilizar para a História de Portugal, através do contacto com documentos existentes na Torre do Tombo e ensinar algumas bases da leitura paleográfica. Os participantes ficarão habilitados a ler e interpretar alguns documentos que marcaram a evolução da nossa história ao longo dos séculos XV e XVI, com particular relevância para a Carta do Pero Vaz de Caminha sobre “O achamento do Brasil”. Num primeiro momento estes paleógrafos em ação vão interpretar as “chaves” do texto e, posteriormente, os nossos “decifradores” vão colocar em prática as bases que aprenderam, transcrevendo um pequeno documento. Haverá prémios para os melhores descodificadores… 
    Finalmente, vamos aprender técnicas para fazer papéis marmoreados e aplicar alguns conceitos de química na confecção de sabonetes de glicerina, já a pensar em sugestões para presentes de Natal! 

    Aguardamos a vossa participação!

domingo, 3 de novembro de 2013

Será possível alimentar a Humanidade (em crescimento) e preservar a Terra?

   Ainda em volta do tema da alimentação, no seguimento das publicações anteriores, reproduzimos artigo do P3, suplemento do jornal Público. Aconselhamos ainda a leitura do artigo Alimentos (e um planeta) para todos, pelo mesmo autor.

  Os desafios de comer sem destruir o planeta

    Duarte Torres, nutricionista

   Um dos maiores desafios globais com que nos deparamos actualmente é o da sustentabilidade alimentar.
    Vejamos o que se passa: somos aproximadamente 7,1 mil milhões de habitantes, um em cada oito passa fome e as crianças são as principais vítimas, sobretudo em algumas zonas da Ásia, África e América do Sul. Paradoxalmente, o solo cultivado produz hoje alimentos suficientes para alimentar toda a população mundial, mas, contabilizando as perdas que ocorrem durante a produção, o transporte, a transformação, a comercialização, e mesmo em nossas casas e restaurantes, desperdiçamos mais de um quarto dos alimentos que produzimos.
    Adicionalmente, dos cereais cultivados, utilizamos cerca de um terço para produzir rações que alimentam animais e cerca de um sétimo para produzir biocombustíveis que alimentam máquinas. À escala global, na fila para a comida, colocamos os animais e as máquinas à frente das pessoas.
    O rendimento da produção agrícola mais que duplicou nos últimos 50 anos, principalmente, graças ao melhoramento genético das variedades cultivadas, à utilização de fertilizantes e de pesticidas. Contudo, nos países mais desenvolvidos, tem-se verificado uma estabilização do rendimento da produção agrícola, sinal de que o potencial do modelo actual está a esgotar-se.
    Devido à irrigação intensiva, em algumas zonas da China e da Índia os aquíferos estão a esvair-se (70% da água consumida anualmente destina-se à produção agropecuária), e muitos cursos de água estão contaminados com pesticidas e fertilizantes que escorrem dos solos agrícolas. Já utilizamos cerca de 40% do solo disponível para a produção de alimentos e a área continua a aumentar, muito à custa da diminuição da área de floresta virgem e da perda de biodiversidade. Nas últimas duas décadas, países como as Filipinas ou a Indonésia viram mais de um quinto da área florestal desaparecer e todos os anos a Amazónia perde uma área equivalente à da Bélgica.  
    Do aumento da população mundial (espera-se que atinja os 9 mil milhões em 2050) e do aumento do poder de compra de grande parte dessa população (estima-se que o número de pessoas da classe média mundial aumente de 2 mil milhões para 5 mil milhões nos próximos 20 anos, provenientes principalmente do continente asiático) resultará, a médio prazo, a duplicação da procura de alimentos sendo que a de origem animal como a carne, o peixe, os ovos e os lacticínios (ricos em proteínas) aumentará ainda mais. De facto, mantendo as práticas atuais de produção e captura, satisfazer as necessidades proteicas da população humana recorrendo a fontes proteicas animais é um dos maiores desafios que enfrentamos. 
    Senão vejamos. A quantidade de peixe capturado atingiu o seu valor mais alto em 1994 e, desde esse ano, tem demonstrado uma ligeira tendência decrescente. Isso resulta em grande medida de práticas piscatórias altamente lesivas para os recursos marinhos que, a manter-se, exterminarão os oceanos em quatro ou cinco décadas. Exemplificando, estima-se que a pesca de arrasto de profundidade, anualmente, transforme numa área inerte uma extensão do fundo do mar equivalente à área da Rússia.
    A produção de carne tem também importantes implicações ambientais. Cerca de 70% da área agrícolas é utilizada para produzir pasto ou culturas para rações animais. Devido a esta exigência a produção de gado é considerada a principal causadora da desflorestação que tem vindo a ser verificada à escala mundial. A produção de gado ruminante (vaca, ovelha, cabra, etc) é também responsável pela produção de gases com efeito estufa em quantidade superior à produzida por todos os automóveis que circulam no mundo.
    Os desafios, como vemos, são muitos, e são globais. Mesmo assim, será possível pensar num mundo de abundância alimentar no futuro? Não será fácil, mas há soluções. Falarei delas no próximo artigo.
*Nutricionista e professor
Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação Universidade do Porto
dupamato@fcna.up.pt

Ilustração Científica: ilustrador português escolhido para coleção de selos das NU sobre espécies ameaçadas

    No ano letivo de 2011/2012, durante os Dias Abertos de Ciência e Tecnologia, foi proporcionado aos alunos um Workshop de Ilustração Científica pelo formador Fernando Correia (ver Dias Abertos de Ciência e Tecnologia no CLF, 21 a 23 de Março: Workshop de Ilustração Científica)

      Anunciamos na altura que o docente da Universidade de Aveiro tinha já participado com uma ilustração de um plesiossauro encontrado em Portugal para a National Geographic portuguesa. Agora, divulgamos, com satisfação, mais um trabalho do ilustrador, uma coleção de selos ilustrativa de espécies ameaçadas de extinção, uma iniciativa das Nações Unidas.

     Quatro espécies ameaçadas de mamíferos noturnos na série de selos lançada recentemente pelas Nações Unidas, foram ilustradas pelo docente do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, Fernando Correia. Também coordenador do Laboratório de Ilustração Científica da UA, Fernando Correia foi um dos três escolhidos a nível mundial, a par com Sara Menom (Itália) e Emily Damstra (Canadá).

Os 4 selos ilustrados por Fernando Correia

    Fernando Correia, docente do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro (dbio) e diretor do Laboratório de Ilustração Científica, foi um dos ilustradores convidados para ilustrar quatro dos 12 selos lançados dia 10 de outubro, no mercado americano e internacional, pela United Nations Postal Administration/UNPA (NY, USA;http://unstamps.un.org/unpa/index.html). As quatro ilustrações científicas são das espécies: Asian tapir (Tapirus indicus), Mongoose lemur (Eulemur mongoz), Flat-headed cat (Prionailurus planiceps) e Aye-aye (Daubentonia madagascariensis).
   Esta emissão filatélica representa a 21º edição de selos subordinados à coleção das espécies ameaçadas (Endangered species), desde que se registou o primeiro lançamento, em 1993, e constituiu uma das mais apetecíveis séries filatélicas por colecionadores de todo mundo.
  (...)
   Mais pormenores podem ser encontrados na revista 'Fascination' - The philatelic journal for collectors of UN stamps"  nº 338, pp 4-5  e seguintes     (download em http://unstamps.un.org/unpa/en/doc/Fascination_2009/fascination.html).